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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Reflexões de um universitário: Por Ives Gabriel


Quando se está na escola, tudo o que você faz reflete em ir ou não pra faculdade. Notas altas, “continue assim, você conseguirá entrar numa boa faculdade”, notas baixas, “desse jeito vai ter que fazer particular mesmo!”, mas ninguém nos diz de fato o que é a faculdade.

Desde pequeno, pessoas que passaram pela experiência de sair de casa pra ir pra faculdade, me disseram que, na universidade, eu conheceria pessoas novas, iria em festas de segunda a domingo e engordaria alguns quilos. Quando cheguei à faculdade percebi que eles estavam completamente certos, exceto pela parte de me omitirem que precisaria estudar.

O primeiro ano é uma alegria. Morando sozinho, aproveitei 99% das festas. Comia no restaurante universitário e quando estava em casa, só comia porcaria: miojo, brigadeiro, pizza de forno (uuhnnnn!!)… Não me preocupava em lavar louça, arrumar a cama ou lavar o banheiro, faria isso quando quisesse ou quando a kitnet já não fosse mais habitável. Porem a experiência de estar ali, morando sozinho ainda me fazia sentir falta da família, da comidinha da mamãe, da namorada e dos amigos da escola. Torcia pra que chegassem os feriados para que eu pudesse ir pra casa e matar toda essa saudade. Como resultado desse ano de “adaptação”, algumas reprovações e muitas histórias novas para contar aos antigos amigos.

Os anos passam e você começa a crescer, ter mais responsabilidades. Algumas dessas noites de festas viram noites de estudos regados a muito café (não que eu tenha deixado de ir às festas e estudado muito, mas conheci esse fenômeno). É nessa hora que começa a bater aquela preocupação de formar ou não, de “onde isso vai me levar”.

Você se aproxima de pessoas que passam a ser sua nova família, que fazem a saudade de casa parecer menor. Pessoas que vem de lugares diferentes, com valores diferentes e te fazem pensar no quanto o país é grande e que, a alguns quilômetros de você, podem ter pessoas que falem de uma forma tão diferente da sua que parecem falar outra língua. Porem, quase todos eles, estão ali na mesma situação que você, buscando o que fazer no futuro e também sentindo falta daqueles que deixaram para traz, pelo menos por algum tempo.

Quando você está longe de casa, precisa começar a se virar. Quando fica doente, é você quem tem que ir à farmácia comprar remédio, quando queima o chuveiro, é você que precisa dar um jeito de arrumar, pois banho frio é *oda. Tudo agora depende de ti, você não conseguirá nada de mão beijada, ou trazido pelas mãos da mamãe.

Quando você se encontra nessa situação, o jeito é abraçar a galera e ir todo mudo pra mesma casa, pra que cada um passe um pouquinho das experiências que já teve e todo mundo aprenda com isso. Tem aquele que é mais velho e, alguma vez na vida, já instalou chuveiro e usou a furadeira, por outro lado, tem aquele mais jovem, ou sem experiência nenhuma, que nunca fez nada e acha defeito em tudo. Dessa forma você passa a conviver com pessoas que não conhecia até o começo daquele ano, mas se aproximam de tal forma que passa a considerá-los irmãos. Quando se passa por situações difíceis longe da família, são eles que estão ali do lado pra te apoiar ou simplesmente te levar pra bebedeira pra esquecer os problemas.

Com o passar dos anos, começamos a valorizar o dinheiro, passamos a pensar em formas de aliviar nossa família dos nossos gastos. Começar a trabalhar e conseguir se manter sem a ajuda “financeira” dos pais nos faz crescer de tal forma que passamos a ver as coisas de pontos diferentes e dar valor ao que o dinheiro não consegue comprar.

O crescimento pessoal nessa fase da vida é tão grande que as vezes a faculdade em si, essa da qual falávamos no começo deste texto/redação/reflexão/ilusão/alucinação, fica em segundo plano. E é agora, com um pouquinho mais de “experiência de vida”, que você vai pensar o que quer mesmo para o seu futuro.

E eu, aprendi com meu curso? Não o suficiente pra que eu continuasse nele até o fim. Se me arrependo de ter saído de casa pra fazer um curso que eu não terminaria? Não me arrependo de nada. Faculdade a parte, o que se aprende ao sair de casa são lições que nenhuma universidade poderá te ensinar, são aprendizados que te fazem crescer pessoalmente, te fazem avaliar tudo o que passa ao seu redor, deixando de viver apenas no seu mundinho.


Ives Gabriel

11/01/2011

5 comentários:

Rafa/Japa Preta disse...

Ivees, seu fdp.....rsrs
Tava me controlando lendo...mas esse fim acabou cmg!Choreeeei!!!haha....
Eeeh...sem arrependimentos!!=) boa sorte pra gnt!!bjaooo..

Thamy P. disse...

excelente texto, gabris!
nada como escrever sobre aquilo que mais angustia a gente e nos faz refletir sobre toda uma projeção de ideais e ideias.
concordando em número e grau, ''ir pra faculdade'' é a menor das coisas que podem te acontecer (e que acontecem), quando se vai rumo a abraçar um futuro desconhecido, cheio de imprevistos. E aqui entram as alegrias e tristezas todas, que somadas, dão uma história bem bonita e até engraçada de contar pros netos.

P.s.: A vida é dura só pra quem é mole e arrependimento é para os fracos. Os fortes ponderam, ficam com as coisas boas e partem pra outra pq a vida não tá ganha.
Abraços!

I. Gabriel disse...

Não preciso acrescentar nem mais uma palavra...
Valeu mesmo Thamy...

Priscila de Mattos disse...

Muito bom o texto. Me fez ter sdds de tanta coisa. Principalmente da nossa época de bixos. Como sentimos sdds de coisas boas significa q foi otimo ter feito parte e ainda fazer da mat 06

Bruna disse...

Ives, gostei muito. VC é mto bom nisso. Ao contrário de vc eu não sou boa em escrever certas coisas então.. Meus parabénss, espero de coração que vc supere todos os obstáculos de sua vida e que principalmente alcance seu objetivo, tanto pessoal como profissional. Se cuida

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